Descrição enviada pela equipe de projeto. A casa Carrara assume, de maneira menos evidente, um certo caráter escultórico presente nas casas Colunata e Elíptica, onde as formas curvas e dinâmicas são tratadas como massa esculpida de um bloco em bruto, ao qual se procura dar vida. Neste caso, formas mais angulosas e longilíneas são esculpidas de um paralelepípedo, onde, sem que se perca a sua génese, coexistem cheios e vazios, como espaços de vivência, em que se destaca aquele pórtico com mais de trinta metros de suspensão, para cumprir a função de um ornato ou de um pináculo - paradoxalmente horizontal - elemento de remate de um conjunto arquitetónico.
Componentes que atravessam a história da arquitetura, que simultaneamente, sustentam, conferem o sentido, a escala e a elegância a qualquer obra. O pórtico é daí uma reinterpretação conceptual, numa linguagem deliberadamente seca e escorreita, para evidenciar a clareza e as proporções desse corpo. Este elemento, parte integrante da casa, simultaneamente cumpre a função de moldura de um lugar particularmente privilegiado, sombrear e estabelecer a relação física dos compartimentos, alinhados a sul, presenciando o mar, onde a sala e a cozinha coexistem num único espaço aberto, organizado por funcionalidades, subtilmente demarcadas.
A piscina suspensa é parte dessa massa moldada, intensamente branca, intercalada com a genuinidade do revestimento de mármore e pela irregularidade das suas vergadas, que anunciam a entrada e marcam os acessos. E, apenas com a pureza do branco e de uma pedra natural, desenha-se uma espacialidade diversificada, de cheios e vazios, de peso e leveza, de luz e sombra, em que o interior e o exterior se encontram em recantos, aprazíveis e abrigados ou deliberadamente expostos, para desfrutar deste lugar e daquele horizonte, tão longínquo, mas tão simples e linear como o traço desta casa.